Quando você descobriu o que era menstruação? Como você se sentiu durante a primeira menstruação?

Menstruação ainda é um tabu em nossa cultura e em diversas partes do mundo, dessa forma é um tema visto de forma negativa, nos condicionando a entender a função menstrual como algo que deve ser escondido, algo vergonhoso e que muitas vezes nem nomeamos.

Muitas pessoas relatam que não receberam informações antes de menstruar pela primeira vez (a chamada menarca) e que descobriram de forma traumática. Outras tiveram informações superficiais e não puderam entender o que se passava em seu corpo de forma mais esclarecedora. É necessário falar sobre menstruação porque pelo menos a metade da população do mundo é menstruante, vai sangrar ou já sangrou em algum momento da vida, ou menstrua regularmente.

Ter educação em sexualidade em uma escola não quer dizer que necessariamente é feita a educação menstrual. Quando pensamos em educar para a menstruação, em um primeiro momento pode parecer que seja simplesmente ensinar a utilizar um absorvente, manter-se limpa e tomar cuidado para não engravidar. Afinal, geralmente quando o assunto é abordado na escola, ele gira em torno da reprodução, o tema menstruação só aparece para dizer que se não houver menstruação, a pessoa está grávida e só, a menstruação é historicamente ignorada. Precisamos construir uma nova narrativa, que leve em consideração outros aspectos além do biológico, que muitas vezes serve para gerar opressão e desconforto com o corpo.

A educação menstrual é um caminho de autonomia, para a construção de bem estar consigo mesma e com o próprio corpo, e traz um olhar amplo sobre os aspectos biológicos, psicológicos, sociais, políticos e culturais em torno da menstruação. Serve para melhorar a vida de mulheres e pessoas que menstruam, é uma questão de saúde.

Através da educação menstrual podemos garantir que as novas gerações possam receber o conhecimento adequado para se conhecerem e terem autonomia sobre seus corpos, com essa visão global e emancipadora. O objetivo da educação menstrual não é fazer as mulheres e pessoas menstruantes amarem menstruar, mas sim, conviverem da melhor maneira com a sua menstruação, com conhecimento adequado do funcionamento do seu corpo, observando seu ciclo menstrual, que é único e individual.

Ter a perspectiva de tirar olhar somente da questão reprodutiva, que é uma possibilidade, mas não é necessariamente para isso que os corpos menstruantes funcionam e existem. O trabalho é realizado para construirmos novas crenças e valores, trazendo a menstruação como algo positivo, naturalizando o tema, na mídia, escola, casa, na arte.

Será que as mulheres e pessoas menstruantes não gostam de menstruar, ou não gostam da forma que menstruam?

Para aquelas que desejam, é possível ressignificar experiências ruins, como pode ter sido a primeira menstruação, ou essa trajetória ao longo dos ciclos, vendo e vivendo como algo ruim, sujo, não desejado, para uma experiência de aceitação e respeito. O ciclo menstrual pode ser vivido de modo empoderador, aprendendo a identificar os sinais do seu corpo, a ciclicidade potente de cada fase, escolhendo métodos e ferramentas que mais combinam com você e seu momento de vida.

Valorizar a menstruação é valorizar a cada uma de nós: as pessoas que menstruam.

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