Nasce uma mãe, nasce uma culpa!


Essa frase clichê que toda mãe já ouviu ou se apropriou em algum momento da vida pós-filhos é carregada de simbolismos. Há bem pouco tempo mulheres eram vistas e criadas para essa única e importante missão: ser mãe! Nas últimas décadas, porém, a sociedade tem entendido e aceitado que a mulher não morre para que a mãe possa surgir.
Hoje em dia a ideia de uma mulher que abdica de si mesma enquanto se dedica aos filhos e a casa é vista muitas vezes como descabida. É aceitável que um bebê mude completamente a rotina da casa e da família, mas a dedicação a si mesma, a vaidade, a sexualidade… Jamais!


A grande questão é que ao longo do tempo a imagem da mulher foi apenas adquirindo novos adjetivos e acumulando funções que se espera não apenas que ela as cumpra, mas as desenvolva (todas elas) com maestria. Não basta ser mãe, é preciso sentar no chão, participar ativamente de todas as brincadeiras, nunca oferecer industrializados e, claro, jamais deixar a criança nas telas antes dos 5 anos. Não basta também ser uma boa profissional, é preciso receber promoções com frequência, liderar grandes equipes, ser financeiramente independente a ponto de cobrir sozinha todos os gastos com o próprio filho. Ser vaidosa também parece ser bem pouco, é preciso ser sensual, recuperar o corpo da gravidez o mais cedo possível, ter um bom desempenho sexual não apenas em qualidade, mas também em quantidade.


A cobrança que surge com a maternidade inevitavelmente se transformará em culpa, porque é humanamente impossível desempenhar todas essas funções sem que as prioridades se reorganizem.

Quanta ingenuidade há na ideia de que é possível se tornar mãe sem abdicar da mulher que se era! Quanta pretensão acreditar que ter filhos não te muda na essência e nem mexe com a sua sexualidade.


Para muitas mulheres não conseguir se manter sensual, vaidosa e sem alterar a frequência das relações sexuais é motivo de muitas frustrações. E sempre será, porque é uma busca inalcançável. A busca pela mulher que existia antes da mãe é quase utópica e ignora aspectos importantíssimos que surgem juntamente com a chegada do bebê.
Sim, a frequência de suas relações sexuais certamente vai mudar (e não apenas pelas funções hormonais, que se alteram durante todo o puerpério). Por um bom tempo, o cuidado, o carinho, o zelo pela relação conjugal deverão ocupar boa parte desse espaço. A sua vaidade também não será a mesma, o espelho nem sempre refletirá a imagem que você gostaria e a maquiagem impecável tantas vezes será substituída pela troca de fralda apressada pouco antes de sair de casa. Sua profissão nem sempre voltará a ter o mesmo sentido após a licença maternidade – pode ser que você deseje, simplesmente, recomeçar do zero.


Não é fácil trazer outro ser humano ao mundo, essa tarefa te exigirá não apenas uma dedicação inimaginável, mas mudará completamente suas prioridades, te transformando para além, na essência.
Ter um olhar empático para si mesma, dar tempo ao tempo e entender que essa dinâmica é parte da maternidade, que vive-la com aceitação será muito mais leve do que lutar contra o tempo em busca da mulher que você já foi um dia, certamente fará com que o tal ditado popular deixe de fazer sentido!

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