Sabemos que a pauta LGBTQIA+ vem ganhando força nos últimos anos. Mas no Brasil, o grupo ainda sofre muito preconceito e dificuldades de se inserir na sociedade. Embora a LGBTfobia seja crime há mais de dois anos no país, a violência contra pessoas LGBTQIA+ continua acontecendo. Só em 2020, pelo menos 237 pessoas morreram por conta da intolerância, segundo dados do Observatório de Mortes Violentas de LGBTI+, tornando o Brasil o país que mais mata transexuais no mundo.
Além do preconceito institucionalizado, maior parte das pessoas LGBTQIA+ enfrentam a rejeição por parte da família e pessoas próximas, resultando em diversos problemas psicológicos e, muitas vezes, até tentativas de suicídio.
Os efeitos do preconceito
As pessoas LGBTQIA+ estão sujeitas diariamente à violência verbal, psicológica e física. Os efeitos disso são os altos níveis de depressão, ansiedade e até mesmo vícios em substâncias. Sentimentos como o medo do julgamento ou de situações hostis, a vergonha dos outros e, muitas vezes, de si mesmo, dificultam ainda mais esse processo de reconhecimento da diversidade sexual ou de gênero.
Todo este preconceito e as características negativas atribuídas à população LGBTQIA+ alimentam estereótipos e visões distorcidas das pessoas e suas orientações sexuais e identidades de gênero. Os danos são mais profundos do que se imagina. Estas pessoas acabam sendo estigmatizadas, desrespeitadas, feridas (física e mentalmente), incompreendidas e excluídas de diversos contextos, sejam políticos, econômicos ou sociais.

Isso também acontece quando se trata da saúde pública. “A possibilidade de serem discriminadas, constrangidas e, até mesmo, agredidas contribui para impedir que muitas pessoas LGBTQIA+ procurem atendimento em saúde”, explicou em uma entrevista o psiquiatra e especialista em Terapia Sexual pela Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana (SBRASH) Henrique Luz. Segundo ele, “Profissionais mal treinados e movidos por questões morais ou mesmo religiosas geralmente não se mostram acolhedores às minorias sexuais, podendo cometer, inclusive, o grave erro de ver a diversidade sexual como “doença” ou “desvio”, o que pode acarretar catastróficos danos físicos e psíquicos, fazendo com que, cada vez mais, pessoas LGBTQIA+ se esquivem de buscar os equipamentos de saúde”.
Os desafios da diversidade sexual: como a terapia sexual pode ajudar nesse processo?
Se reconhecer como LGBTQIA+ não é um processo fácil para todo mundo. Além de todas estas dificuldades citadas, existem as barreiras dentro de si mesmo. Como lidar com os diferentes tipos de preconceito? Como contar para a família? Como aceitar a própria sexualidade?
A terapia sexual ajuda a derrubar estas barreiras e encontrar respostas, ajudando no entendimento de todos esses processos que envolvem questões de identidade de gênero, homossexualidade e diversidade sexual como um todo. Ela auxilia na aceitação da sexualidade, no reconhecimento enquanto pessoa LGBTQIA+, no processo de cura dessas feridas, na recuperação de traumas, etc.
Durante o atendimento, o paciente vai aprender a desenvolver estratégias assertivas de enfrentamento às adversidades, recuperar sua autoestima e aprender a manifestar a sua sexualidade de forma leve e saudável. O terapeuta sexual é a pessoa adequada para tratar destes assuntos, uma vez que é preparado para abordar as especificidades das pessoas LGBTQIA+, com teorias e ferramentas que vão ajudar a melhor a vida do paciente, sem discriminação e livre de preconceitos.

É papel do profissional e de todos nós construir uma sociedade com mais respeito e empatia, quebrar padrões e validar todas as formas de amor. Os seres humanos são plurais, diferentes, multifacetados. E o melhor, tem espaço para todos. Por que se limitar a enxergar tudo somente em preto em branco, se a graça está nas infinitas possibilidades de uma vida cheia de cores?