Parece ser uma pergunta fácil de ser respondida, mas na realidade não é tão simples assim.

Isso porque quando a gente está vivendo um relacionamento infernal, ou seja, um relacionamento tóxico é difícil enxergar os problemas com clareza. A protagonista da história se sujeita a continuar vivendo num inferno, pois este acaba sendo repleto de pequenos paraísos, dignos um relacionamento ideal.

Isso quer dizer que nenhum relacionamento é perfeito o tempo todo, existem altos e baixos, até aí está tudo bem. Porém, o ponto chave do relacionamento tóxico e abusivo é que ele também não é ruim o tempo todo, mas, mesmo tendo “bons momentos” ele é altamente destrutivo para o indivíduo que sofre a violência.

Não podemos romantizar o sofrimento, não podemos pensar “ele fez isso por estar nervoso, mas é um bom homem” ou “ele costuma gritar e me xingar, mas nunca me encostou um dedo” como se isso fosse uma atitude louvável. Uma relação não deve ser recheada de brigas, lágrimas, lamentos e sofrimentos. Não devemos banalizar ou naturalizar a dor, quando isso acontece a pessoa adoece e não percebe o mal que está vivendo.

Neste ponto fica complicado qualquer tipo de julgamento, muitas pessoas acabam sendo extremamente cruéis quando julgam ou culpam as vítimas, afirmando que estas buscam ou ficam nesse tipo de relacionamento porque querem. Afinal, em grande parte dos casos, quando a pessoa está mergulhada em um relacionamento tóxico ou abusivo ela não consegue encontrar saídas e identificar claramente que vive este problema.

E como saber se eu estou vivendo um relacionamento tóxico ou abusivo?

Separamos alguns alertas, situações e comportamentos que estão presentes em um relacionamento tóxico.

“Ele está sempre certo, e consegue fazer você se sentir culpada.”

“Ele faz você acreditar que as atitudes possessivas e até agressivas dele são com o objetivo de te proteger, e que você deve se sentir privilegiada por ter alguém que cuide de ti.”

“Quando se descontrola por algum motivo, grita ou fica agressivo, rapidamente ele consegue jogar toda a culpa em alguma atitude (muitas vezes banais) que você teve e faz com que se sinta mal por ter causado isso nele.”

“Fica muito bravo quando descobre que você está conversando com as amigas e familiares sobre os problemas que vive com ele, diz que não é para expor essa situação para ninguém, pois essas questões devem ficar apenas entre vocês.”

“Ele busca te afastar de amigas e familiares e muitas vezes tenta criar brigas e intrigas para fazer você desconfiar e até afastar por conta própria destas pessoas, jogando dúvidas nas intenções delas e deixando você cada vez mais só. Sozinha é mais fácil de manipular e mantê-la na relação.”

“Tenta fazer você acreditar que é louca e que tudo é fruto da sua imaginação, que você está fantasiando os problemas e nesse momento é comum ele diminuir a situação, listar todas as qualidades dele (como ser um bom pai, cuidar de você com atenção, ser um bom parceiro sexual) e no final da conversa você até pode acreditar que está realmente exagerando.”

“Joga na cara tudo o que fez e faz por você, e ainda vai querer provar que você é ingrata de não reconhecer as inúmeras vezes em que ele te ajudou. Comum ouvir frases como “Você só é quem você é por minha causa, olha tudo que eu fiz por você” ou faz com que você pense “Ele faz tudo que eu quero e paga minhas contas, não tenho como sair disso e nem tenho para onde ir”.

“Faz com que você acredite que ele é o único homem capaz de te amar e que você nunca será capaz de encontrar alguém como ele, que você tem sorte de ter este amor, e que precisa dar valor.”

“Com a desculpa de que quer te proteger e cuidar da sua segurança, ele controla (ou faz de tudo para controlar) todos os seus passos, e quando você faz algo sem que ele saiba, ao descobrir ele vai listar todos os perigos e problemas que você poderia viver, e irá se colocar no papel de protetor, fazendo com que você queira contar tudo para ele por medo.”

“Ainda como forma de controle ele é extremamente prestativo, te leva, te busca, participa da suas rodas de conversas entre amigas e quer estar presente em tudo para que você seja completamente dependente dele.”

“Na roda de amigos ele costuma ser extremamente simpático e atencioso, não expõe publicamente sua personalidade tóxica, mas se algo sai diferente do que ele deseja de ti, este “bom homem” vai no pé do seu ouvido e fala frases e comentários que te descontrolam e fazem você ficar muito mal.”

“E se por algum motivo ele se descontrolar ou brigar com você na frente dos outros, terá todos os argumentos para te culpar e fazer você se sentir mal por ter causado aquela situação.”

“Ele te culpa, te machuca, te coloca tão para baixo a ponto de silenciar sua voz, te sufocar e te deixar com medo de tudo e de todos.”

ELE PODE NÃO TE BATER E DEIXAR MARCAS NO CORPO, MAS ELE TE VIOLENTA E TE DESTRÓI POR DENTRO!

Quando a pessoa chega nas vias de fato e agride fisicamente a parceira geralmente muito do que foi citado acima já aconteceu várias vezes no dia a dia do casal. A agressão física vem depois que a vítima já sofreu muito com outros tipos de violência, que são tão graves quanto a violência física.

De modo geral essa violência doméstica funciona com um sistema circular que é chamado de CICLO DA VIOLÊNCIA, e que pode ser classificada em etapas conforme a imagem abaixo.

Na fase da tensão acontece no dia a dia com brigas e discussões por motivos na grande maioria das vezes banais, e o agressor vai se irritando e ficando tenso, culpando a vítima por deixá-lo nesse estado e passa a buscar mais e mais motivos para justificar seu comportamento agressivo.

Na fase da explosão o agressor maltrata física ou psicologicamente a vítima, através de um ataque violento, causa tanto medo que muitas vezes paralisa e impossibilita qualquer reação. Nesse momento a vítima pode ate pensar em buscar ajuda, muitas vezes chega a formalizar a denúncia e costuma se afastar do agressor.

Na fase da lua de mel é caracterizada pelo arrependimento do agressor, ele reaparece pedindo desculpas, mostrando suas fragilidades, promete que vai mudar e oferece mimos, presentes e constrói um verdadeiro clima de amor digno de uma lua de mel.

A vítima nesse momento pode se sentir encantada pelas promessas da fase da Lua de Mel, e nesse momento volta a conviver dia a dia com a pessoa que depois de um tempo passa novamente e ter períodos de tensão, que num segundo momento se torna agressão e que volta para a lua de mel, e esse movimento cíclico ilustra bem a realidade de quem vive a violência doméstica.

O alerta nesse ponto é que a violência está presente em todos os estágios deste ciclo e não apenas no momento da explosão em que a vítima é agredida, existem outros tipos de violência que vão além da física (aquela que deixa marcas no corpo), os outros tipo são tão graves e deixam cicatrizes profundas na vítima, mas pode não ser identificado claramente pois as marcas são internas.

Para ajudar você a identificar se sofre ou já sofreu algum tipo de violência segue abaixo os 5 tipos:

1 – Violência Física: entendida como qualquer conduta que ofenda a integridade ou saúde corporal da mulher.

  • Espancamento;
  • Atirar objetos, sacudir e apertar os braços;
  • Estrangulamento ou sufocamento;
  • Lesões com objetos cortantes ou perfurantes;
  • Ferimentos causados por queimaduras ou amar de fogo;

2 – Violência Psicológica: é considerada qualquer conduta que cause dano emocional e diminuição da autoestima; prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento da mulher, ou vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões.

  • Ameaças;
  • Constrangimentos;
  • Humilhação;
  • Manipulação;
  • Isolamento (proibir de estudar, viajar, e ou de falar com amigos e parentes);
  • Vigilância constante;
  • Perseguição contumaz;
  • Insultos;
  • Chantagem;
  • Exploração;
  • Limitação do direito de ir e vir;
  • Ridicularização;
  • Tirar a liberdade de crença;
  • Distorcer e omitir fatos para deixar a mulher em dúvida sobre a sua memória e sanidade (Gaslighting).

3 – Violência Sexual: trata-se de qualquer conduta que constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força.

  • Estupro;
  • Obrigar a mulher a fazer atos sexuais que causam desconforto ou repulsa;
  • Impedir o uso de métodos contraceptivos ou forçar a mulher a abortar;
  • Forçar matrimônio, gravidez ou prostituição por meio de coação, chantagem, suborno ou manipulação
  • Limitar ou anular o exercício dos direitos sexuais e reprodutivos da mulher.

4 – Violência Patrimonial: entendida como qualquer conduta que configure retenção subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades.

  • Controlar o dinheiro;
  • Deixar de pagar pensão alimentícia;
  • Destruição de documentos pessoais;
  • Furtos, extorsão ou dano;
  • Estelionato;
  • Privar de bens, valores ou recursos econômicos
  • Causar danos propositais a objetos da mulher ou dos quais ela goste.

5 – Violência Moral: é considerada qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.

  • Acusar a mulher de traição;
  • Emitir juízos morais sobre a conduta;
  • Fazer críticas mentirosas;
  • Expor a vida íntima;
  • Rebaixar a mulher por meio de xingamentos que incidem sobre a sua índole;
  • Desvalorizar a vítima pelo seu modo de vestir.

Fonte: institutomariadapenha.org.br

Caso você tenha se identificado com alguma (ou todas) as formas de violência, e ou esteja vivendo um relacionamento tóxico busque ajuda, tome uma atitude e reaja o quanto antes para que essa violência não te destrua.

Não se cale, denuncie! Ligue para o número 180 (Central de atendimento que combate a violência contra a mulher) ou procure um profissional, a AMO TERAPIA esta aqui para te apoiar e ajudar! Você não está só, conte com a gente!

*As opiniões contidas neste artigo são de responsabilidade do autor.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

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